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Formas de ativismo nas redes

Atualizado: 11 de nov. de 2021

Sandor Vegh, autor do livro “Classificações das formas de ativismo online: o caso dos ciberprotestos contra o Banco Mundial” (tradução livre), de 2013, é considerado uma das referências sobre o assunto. Ele divide o ativismo online em três grandes grupos de acordo com as ferramentas utilizadas para se atingir os objetivos propostos.


Em sua maioria, as ferramentas utilizadas lançam mão da manipulação de sistemas de informação ou, então, engajamento sociopolítico. Os grupos de Vegh são:


Conscientização e prática política


Nesse grupo, são utilizadas ferramentas de mais fácil acesso e alcance, como:

· campanhas de publicidade;

· foto oportunidade;

· manifestos de artistas, intelectuais e tecnologia;

· workshops na internet;

· ambientes de troca de informações (fóruns, sites, blogs, etc.)


Organização e mobilização


Vegh descreve aqui as ferramentas utilizadas para organizar movimentos offline. São elas:

· redes sociais;

· organização de eventos;

· petições;

· chats online;

· listas de e-mail;

· hashtags (utilizadas principalmente no Twitter como forma de provocar mobilização).


Ação e reação


Por fim, Vegh enumera nesse grupo as ferramentas que são utilizadas para colocar ações em prática, principalmente por desenvolvedores e hackers, como:

· ataques DDoS;

· desenvolvimento de programas de código aberto contra monopólios;

· invasões de sites para publicações de mensagens de protesto;

· espelhamento de sites (replicação de domínios para burlar proibições a certos sites);

· criptografia;

· programação, códigos e rotinas computacionais visando fins mais específicos.


Formas de ativismo digital recentes:


Embora as primeiras formas de ativismo online datem do início da década de 1990, movimentos recentes no Brasil e no mundo vêm mostrando o potencial dessa nova forma de reorganização.


No Irã, por exemplo, em 2009, o Twitter se mostrou um importante campo de batalha no ambiente virtual, após a reeleição suspeita de fraude do então presidente Mahmoud Ahmadinejad, que gerou protestos e confrontos com a polícia iraniana.


Com comícios proibidos, a comunicação cortada, a imprensa local camuflando o ocorrido e jornalistas estrangeiros proibidos de ficarem no país, os iranianos utilizaram o Twitter e o YouTube para mostrar ao mundo o que realmente estava acontecendo. Veja mais sobre o protesto no Irã:



Um dos casos mais emblemáticos do século 21 talvez seja o do WikiLeaks, site criado pelo jornalista Julian Assange que divulgou informações sigilosas de vários países, principalmente sobre os Estados Unidos e a Guerra do Afeganistão. Saiba mais sobre WikiLeaks:



O celular e as redes sociais também se mostraram uma poderosa "arma" nos protestos de junho de 2013 no Brasil. Apostando na dinâmica rede-rua, foi pelo Facebook que os organizadores do MPL (Movimento Passe Livre) conseguiram a adesão de centenas de milhares de pessoas, sendo que boa parte delas participou dos protestos nas ruas de diversas cidades brasileiras.


Os hackers também ganharam um papel de destaque dentro do ciberativismo, no que é chamado de ativismo hacker -- ou hacktivismo, definido com uma prática de hacking, phreaking ou de criar tecnologias para alcançar um objetivo social ou político. Um dos principais grupos de hackers ativistas é o Anonymous, criado em 2003, e que ganhou vertentes por todo o mundo.





Ativismo por meio de hashtags


A internet pode ser espaço de consensos mobilizados por hashtags que agregam grupos, interesses e agendas que servem, até certo ponto, de amplificador de vozes geralmente ignoradas – minorias, movimentos identitários ou interseccionais. As redes demonstram que o mundo corporativo é maleável e adaptável, incorporando diferença nas suas estruturas. Reduzem a hashtags resistências legítimas – lutas por direitos de mulheres, negros, indígenas, LGBTQ+ –, em campanhas cooptadas por empresas que recolhem os nossos dados, e cujo objetivo é engolir e regurgitar como algo seu um processo de integração que mantém o status.


O livro "# HashtagActivism: Networks of Race and Gender Justice" (MIT Press) faz uma apologia do ativismo de hashtag, das Primaveras Árabes ao # metoo, do Occupy Wall Street ao # Blacklivesmatter. O hashtag tem mobilizado redes sociais enquanto espaço alternativo de lutas e reivindicações, dizem.


“Esse fenômeno mudou o jeito como reagimos às maiores questões sociais do nosso tempo. As hashtags, hoje, servem para criar comunidades e juntar pessoas ao redor do mundo que, apesar das diferenças culturais, sociais ou políticas, têm um objetivo ou defendem uma causa em comum”, explica Eva Farah, expert do birô de tendências WGSN.


As hashtags também são uma tentativa de sensibilizar nosso lado humano, uma convocação para que as pessoas ajam. Afinal, uma # criativa tem o poder de nos lembrar do espírito humanitário e da união coletiva em tempos difíceis. “Um movimento que antes demandava tempo e esforço para ser organizado off-line, agora acontece instantaneamente. Nunca antes conseguimos alcançar tantas pessoas, tão rapidamente, com tão poucos recursos. Isso, somado ao fortalecimento dos influenciadores digitais, torna as hashtags uma poderosa forma de comunicação”, completa Eva.


O problema do ativismo de hashtag é partilharmos conteúdos desde o nosso sofá. Lá fora, as massas em partidos políticos, sindicatos, associações, NGOs, estão em força contra as investidas brutais do neoliberalismo, a dar o corpo, por vezes, a vida, em greves, barricadas e protestos que nós só apoiamos em retweets, mudando por horas a nossa foto de perfil, gerindo do conforto do teletrabalho uma indignação com prazo de validade determinado pelo agenda-setting.


Para Isabel Dezon, diretora de outro birô de tendências, o Peclers Paris, o ponto negativo é que as pessoas podem aderir a movimentos só para ganhar likes, ou acabar confortáveis demais atrás da tela – posição mais parecida com bullying do que com ativismo. “É importante concretizar as manifestações em passeatas ou encontros, para que haja troca entre as pessoas e soluções reais”, diz Isabel.

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